O projeto Cometa Nordestino espalha conhecimento científico e inspira um futuro de possibilidades nas comunidades nordestinas...
Perceber os sons e entender a partir do quê eles são formados pode ser um bom jeito de entender alguns conceitos da física. O projeto de extensão Música na Física, da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN, leva a melodia para as salas de aula, com o intuito de tornar o aprendizado de conceitos e fenômenos da acústica mais dinâmico e prazeroso nas escolas.
Coordenado pelo professor Alexsandro Pereira de Lima, a ideia de criação do projeto surgiu com o propósito de estimular os alunos do ensino médio a se interessarem pela física. A falta de motivação dos estudantes é um problema enfrentado por muitos professores da disciplina, visto que muitas vezes o que é ensinado nas salas de aula parece não conter relação com o mundo cotidiano. Além de Alexsandro, compõem ainda a equipe o professor da ECT Pedro Ferreira, o mestrando Wenderson Venceslau, do Programa de Pós-graduação em Ensino de Física, e a aluna da Escola de Música da UFRN e bolsista da ECT, Sara Vitória.
A ação faz parte da dissertação de mestrado de Wenderson, que também é músico, e conta com a construção de um produto educacional inovador. Carregando um violão, o aluno visita turmas de ensino médio de escolas públicas e particulares de Natal e apresenta o lado lúdico da disciplina, a história do instrumento, a forma de funcionar, a identificação das cordas, notas e frequências, ondas sonoras etc. A escolha do violão se deu por se tratar de um instrumento tradicional da cultura popular brasileira, sendo assim de fácil acesso e reconhecimento sonoro por parte da população.
Maria Luiza Cavalcante, aluna do 1º ano do Ensino Médio do colégio Over, em Natal, participou de uma dessas aulas e considerou que foi uma experiência proveitosa. “Foi uma aula bem interativa e dinâmica, diferente das aulas em que o aluno apenas ouve e fala se entendeu ou não. Ficou muito mais fácil, até porque o professor mostrou bastante na prática.” conta. Para os participantes, a aula se transformou em uma espécie de sarau, com muita música e física interligados.
Ainda como parte do produto educacional do mestrado, foi pensada a confecção de uma apostila sobre ondas relacionadas ao violão, que ainda está em produção. Ao longo do processo, a intenção é verificar se houve ou não melhoria no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes de ensino médio, e identificar possíveis alterações na proposta, pensando na melhor versão do produto.
No ano passado, Wenderson ainda apresentou o artigo “Física na Música: O uso da música como uma ferramenta metodológica no ensino de Física”, na Universidade de Brasília, durante o evento “Encontros Integrados em Física e seu Ensino 2022”. A expectativa a longo prazo, com a finalização das pesquisas, é que o projeto possa abrir inscrições para toda a comunidade acadêmica, para que os interessados tenham a oportunidade de conhecer a física pela perspectiva da música e vice-versa.
Amante antigo, aluno recente
Alexsandro conta que sempre flertou com a música, mas nunca teve a oportunidade de se aprofundar na área. Com a graduação em física, muitos anos na administração universitária na UFERSA (Universidade Federal Rural do Semi-Árido), sendo mais de 10 anos como diretor na universidade, quase não houve tempo para se dedicar à sua paixão pela música. Em 2016, conheceu um servidor que, por coincidência, trabalhava com música. Desde então, com ajuda desse colega, aprendeu a tocar instrumentos nos horários vagos que conseguia e, em 2022, entrou para o curso técnico de violão popular na Escola de Música da UFRN.